quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Seminário Rei Édipo

Por Estrela Blanco, Isabella Camero, Mariana Campitelli e Pedro Conrado

Reflexão sobre o Rei Édipo

Sófocles pretende colocar em evidência dois termos antagônicos, duas formas diretamente opostas de olhar a vida: a arrogância da hybris que se liga a uma espécie de cegueira mental, cegueira dos fatos, face à moderação e a inteligência, e o caminho que Édipo quer seguir a partir de então, optando pela cegueira física, rejeitando assim o mundo das aparências, tentando seguir o caminho do idealismo platônico do mundo da razão e das idéias, já que foi traido pelos sentidos.

No ato de substituir a cegueira mental pela física, Édipo se obriga a apurar outro gênero de visão, mais profundo e com menor grau de falibilidade: a Razão.

Este antagonismo fica em evidencia com as oposições entre os personagens de Édipo e de Tirésias, um que enxerga, mas nada sabe da verdade, e o outro que não pode ver, mas carrega consigo o conhecimento do futuro, por meio de previsões.

No entanto, Édipo não é o único que se deixa conduzir pela cegueira dos sentidos, Laio e Jocasta, ao darem ouvidos ao oráculo, após o nascimento do mesmo, foram levados a encomendar a morte do próprio filho.

Se Édipo não tomasse conhecimento de sua história, não existiria tragédia. A busca pela salvação da cidade e de sua identidade própria, o levam a verdade. Existe também uma questão em torno de consciência, culpa e expiação, onde é imprescindível falar do papel do acaso, tratando da submissão do homem aos caprichos da sorte e a influência das profecias e do destino na tentativa de controlar a aleatoriedade da lei do acaso. É interessante também, perceber que Édipo desafia os deuses ao tentar fugir do próprio destino, entretanto quanto mais ele pensa fugir de seu destino, mais ele corre ao seu encontro.

Assim, Sófocles utiliza o vilão e o herói em uma só persnoagem, encontrando nela as melhores virtudes e os piores pecados. Édipo é grande, é inteligente, salvou a cidade, tem forca para perseguir a verdade custe o que custar e provou caráter, ao aceitá-la e se punir.

No diálogo da página 164-166 vemos que Jocasta anseia pela ignorância dos fatos, prefere se resignar numa atitude conveniente face ao destino, pois ninguém se torna culpado por causa do destino. E no caso dessa peça, os oráculos não falam das tormentas de Édipo como algo condicional ou como castigo, mas sim como determinista, com grande clareza, diferente de como foi com seu pai biologico, Laio. Édipo, porém, segue adiante e não se isenta da culpa, nem da responsabilidade.

Ainda assim, ambos tentam cortar radicalmente o passado, na tentativa de eliminá-lo, Jocasta se mata e Édipo fura os próprios olhos.

Características da obra de Sófocles

Sófocles aumentou ainda mais os diálogos dos personagens e reduziu as falas do coro, embora tenha elevado o número de seus componentes. Acrescentou um terceiro ator para conferir maior dinamismo às cenas, recurso utilizado posteriormente por Ésquilo na Orestéia. Em sua época as tetralogias não eram mais compostas de tragédias interligadas, e os enredos tornaram-se mais complexos. Alguns eruditos sustentam mesmo que, com Sófocles, a tragédia grega atingiu a perfeição.

A poesia de Sófocles é simples e elegante, nobre mas sem pompa; algumas das mais belas linhas da poesia grega são de sua autoria. O personagem sofocliano é um ser humano ideal, dotado dos mais elevados atributos humanos. Seu caráter, habilmente delineado pelo poeta, frequentemente contrasta com o de outros personagens. O comportamento às vezes muda, e até traços de caráter se alteram diante das reviravoltas da fortuna.

Os deuses aparecem em segundo plano, são constamente citados mas raramente intervêm em pessoa; praticamente toda a ação se desenvolve no plano humano. Como se costuma dizer, ao teocentrismo de Ésquilo opunha-se o antropocentrismo de Sófocles.

Arrogância, orgulho desmedido e pecado levam ao desastre, e a moderação é sempre apresentada como o melhor caminho. O sofrimento trágico é inevitável diante dos atos cometidos, e mesmo os descendentes sofrem, mas esses atos são cometidos livremente pelos personagens.

Um recurso muito utilizado por ele é a Anfibologia, que se trata de criar mais de um sentido para as frases, durante a leitura do “Édipo Rei” é possível encontrar essa característica em vários momentos.

Em Édipo, notamos também que todas as personagens secundárias parecem surgir no momento oportuno, de forma que a revelação do delito tenha o máximo efeito, em termos de impacto na opinião pública.



Maldição dos Labdácidas – A História de Laio

Na mitologia grega, Laio era filho de Lábdaco, rei de Tebas. Seu pai foi morto por bacantes vingativas pela repressão ao culto a Dionísio. Como Laio ainda era criança, a regência de Tebas foi entregue a Lico. Quando os tiranos Anfião e Zeto mataram o regente e tomaram o poder na cidade, o príncipe foi exilado na Frígia, na corte do rei Pélope. Lá, enamorou-se de Crisipo, filho de Pélope e príncipe-herdeiro do trono frígio. Para viver seu amor, Laio armou um plano: ofereceu-se para escoltar o rapaz até os jogos de Neméia, onde ele iria participar como atleta. Após as competições, em vez de retornar à Frígia, Laio raptou Crisipo e fugiu para Tebas, onde pretendia recuperar o trono de seu pai. Furioso, Pélope perseguiu-os, mas Crisipo, temendo a humilhação e a punição do pai, além de instigado por seus meio-irmãos Atreu e Tiestes, cometeu suicídio atirando-se num poço. Por ter perdido o herdeiro, Pélope culpou Laio e lançou sobre ele uma maldição: se tivesse um filho, seria morto pelo próprio e sua descendência sofreria conseqüências trágicas.


A Esfinge – Quando Édipo Salvou Tebas Pela Primeira Vez

Tebas foi assolada por uma terrível maldição: a Esfinge, monstro alado com corpo de mulher e de leão, postou-se nas imediações da cidade e devorava todos os seres humanos ao seu alcance. Consta que ela antes apresentava às suas vítimas um enigma e devorava somente aqueles incapazes de decifrá-lo — mas ninguém nunca atinava com a resposta correta. Qual é o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?"), Édipo conseguiu desvendar, dizendo que era o homem. "O amanhecer é a criança engatinhando, entardecer é a fase adulta, que usamos ambas as pernas, e o anoitecer é a velhice quando se usa a bengala".

Nenhum comentário:

Postar um comentário