segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Seminário Electra Euripides.

Por Igor Cosso, Rodrigo Simas e Thaiane Anjos.

Texto do seminário : ''Eurípides e sua heroína feminina: Electra''

Como estudar literatura dramática sem começar pelas tragédias gregas? A Grécia é o berço de toda filosofia que hoje conhecemos. O misticismo, o medo pelo oculto, a predestinação e a religião, temas sempre presentes em toda história dramática grega, são referências para toda a história do teatro desde o período Romano, Idade Média, Renascimento e até o Realismo atual.

A definição mais conhecida de tragédia vem de Aristóteles, segundo quem a tragédia: “É uma representação imitadora de uma ação séria, concreta, de certa grandeza, representada, e não narrada, por atores em linguagem elegante, empregando um estilo diferente para cada uma das partes, e que, por meio da compaixão e do horror, provoca o desencadeamento liberador de tais afetos.”.
É chamada de Katarsi, a purgação das emoções geradas nos espectadores pelos dramas da vida do herói. Essa Katarsi, é o principal objetivo de uma peça trágica.

Eurípedes, o mais jovem dos grandes expoentes da tragédia grega clássica junto a Sófocles e Ésquilo no período conhecido como ático (de 475 a 300 a.C.) , optou por relatar em suas tragédias a história dos negados e/ou vencidos, pelo motivo de que para ele, os mitos (elementos vitais da tragédia) eram apenas coleções de histórias cuja função era perpetuar crenças sobre concepções primitivas. As suas peças não são acerca dos deuses ou a realeza, mas sobre pessoas reais. Mostrou-nos a realidade da guerra, criticou a religião e falou dos excluídos da sociedade: escravos, velhos e as mulheres, tendo como maior exemplo disso, o personagem do texto no qual trabalhamos neste seminário, a heroína Electra.

Em suas peças, eram presentes, finais que ironizavam a figura dos deuses. O termo ´´Deus Exmachina`` ou o Deus decido da máquina, era um elemento cênico surpresa, um dispositivo mecânico vindo de cima, quando era preciso resolver um conflito humano aparentemente insolúvel por intermédio do pronunciamento divino.

A peça foi apresentada pela primeira vez por volta de 413 a. C., muito provavelmente nas Dionísias Urbanas, e como na época, mulheres não podiam fazer teatro já que eram consideradas excluídas da sociedade, o papel da heroína foi interpretado por atores homens.
O texto foi traduzido para o inglês pela primeira vez em 1891, pelo escritor Edward P. Coleridge.

Electra é a versão euripidiana da vingança de Orestes, filho de Agamêmnon, rei de Micenas, contra os assassinos do seu pai: a própria mãe, Clitemnestra, e Egisto. Diferentemente de Ésquilo e Sófocles, que abordaram o mesmo tema, Eurípides dá o destaque maior à heroína.

A personagem é mostrada por Eurípedes num extremo de degradação, pois Electra é obrigada a casar-se com um humilde camponês, que começa a peça contando a triste vida dessa heroína, apresentada com sede de justiça pelo fato da mãe ter se unido ao maior inimigo da família, o assassino do pai. Essa necessidade à punição dos culpados pela morte do pai, a disputa pelo trono e a obsessão pela riqueza e poder, retratavam o fruto do querer humano, que naquela época já era presente entre os gregos e que até nos dias de hoje, com o capitalismo dominante, é sem dúvidas, uma constante na vida de qualquer um.

O irmão de Electra, Orestes, depois de muitos anos, foi ao encontro da irmã, que sem saber que era ele, disse a injustiça que sofria a vida inteira: o desejo de vingança pela morte do pai e a vida humilde que vivia. Depois de desmascarado e reconhecido por um velho que criou Agamêmnon, Orestes tomou para si o desejo da irmã de fazer justiça pelas próprias mãos, e juntos bolaram um plano. Depois da morte de Egisto, o maior inimigo da família, Electra fingiu estar parindo um filho para a visita de sua mãe Clitemnestra, visita na qual, acabou fulminando em sua morte por um punhal conduzido pelas mãos de Orestes e da heroína Electra.

A personagem é, em parte, via das ações. Através dessa peça, a mulher sai da categoria em que foi incluída para a categoria vasta aos homens, o que representou uma evolução marcante naquela época em que a voz feminina era muda. Electra deu voz e poder à mulher.

As cenas principais da peça são:
• O prólogo do Obreiro que abre a peça.
• O encontro de Orestes e Electra.
• O reconhecimento de Orestes.
• A morte de Egisto.
• A morte de Clitemnestra.
• O final, o julgamento dos deuses de Electra e seu irmão Orestes.

É bem perceptível que a obsessão em vingar a morte do pai, tem um lugar diferente na heroína, um lugar mais que de honra e sim de amor.
Baseado nesta obra, Jung, discípulo de Freud, definiu o termo ´´Complexo de Electra`` como o complexo de Édipo feminino. Que segundo a psicóloga consultada pelo nosso grupo, a Dra. Deise Soares, esse desejo da filha pelo pai na infância, além de gerar uma rivalidade com a mãe, é reprimido por várias condicionantes como o tabu, o proibido, o medo se ser descoberta, e isso é o que explica psicologicamente a tendência de muitas mulheres para amores secretos e socialmente proibidos.


Depois de várias leituras, concluímos que o tema central da peça é a honra familiar, a questão do poder matriarcal e patriarcal. Em todas as ações da personagem, que foi destinada a vingar a mãe e o padrasto, a desonra na qual foi submetida a vida inteira, toma conta dos personagens. Por uma questão de honra familiar, Electra tinha que se vingar dos assassinos do pai.

Descobrimos também, que Eurípedes influenciou diretamente autores brasileiros dos quais estamos acostumados a ler sempre, como Chico Buarque na peça teatral “Gota D’água” escrita em 1975, sobre o mito de Medéia e também as peças místicas do dramaturgo Nelson Rodrigues, que transpôs as tragédias gregas para a sociedade carioca do início do século XX, como a peça “Anjo Negro”.

Pelo visto, as tragédias gregas ainda irão perpetuar pela nossa literatura e filosofia por muito tempo, com fôlego para gerar debates que fizeram parte da Grécia antiga e ainda fazem de certa forma nos dias atuais.

Um comentário:

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