Professora Cecília
-Maria Luiza
-Paula Martinez
-Peter Guimarães
-Roberto Braunschweiger
Contexto Histórico
As mitologias, mais do que explicar o contexto histórico, eram baseadas em novas formas
de pensamento que surgiam na época, como a sofística (movimento responsável pela
introdução de um novo pensamento, trazendo à tona uma série de debates cuja influência
foi perceptível entre os atenienses. Tratava-se de pensadores vindos de todo o mundo
de pensamento que surgiam na época, como a sofística (movimento responsável pela
introdução de um novo pensamento, trazendo à tona uma série de debates cuja influência
foi perceptível entre os atenienses. Tratava-se de pensadores vindos de todo o mundo
grego e que afluíram em Atenas no Século V A.C. como educadores).
A Democracia ateniense do século V A.C., exerceu um papel fundamental para o Teatro.
Ele se estabeleceu como instituição dos cidadãos no mesmo momento em que levou
à consolidação das instituições democráticas do período clássico. Enquanto imitação
da cidade, através do teatro, Atenas se tornava espectadora de sua própria imagem.
Momento em que mostrava as mudanças da política em expansão, riqueza de seus
mercados, inserção de novas ideais baseadas na sofística, se mostravam no trágico
e no cômico retratando a vida e a os acontecimentos que eram vividos no dia-dia da
No período clássico (estende-se entre 430 A.C. e 350 A.C. e é dominado pela a oligarquia
militarista de Esparta e a democracia aristocrata de Atenas), os governantes apropriaram-
se das tragédias, utilizando-as como instrumento de exaltação de seu poder, dando uma
forma política ao diálogo entre eles e seu povo. Evidenciava a legitimação do poder dos
chefes de Estado pela prática de uma virtude nobre, associando-a a uma lenda ou a um
marco de uma história heroica.
Deste modo, os trabalhos de Eurípedes tinham uma forte conotação política. Em plena
Guerra do Peloponeso (foi um conflito armado entre Atenas e Esparta, de 431 a 404
A.C), testemunhava-se uma época em que os sofistas procuravam uma solução para o
problema da condição humana. Assim, mudaram a forma como interpretavam os deuses,
a novas interpretações que cabiam às realidades da época.
Porém, vivia-se em uma época que os setores mitológicos também estavam em crise.
O mito começava a se internalizar em um sentido mais racionalista de acordo com os
interesses. Em meio a essa crise, observamos que ao mesmo tempo em que ocorre uma
afirmação do deus ocorre simultaneamente uma reinterpretação das imagens de Dioniso
(onde se materializam os sentimentos, especialmente de insatisfação que permeavam
na cidade), que se relacionam diretamente às realidades sócio-políticas da sociedade
Convenções do Eurípides nas Bacantes.
Como o último trabalho de sua vida, Eurípides escolheu para escrever uma peça que
discutiu, entre outros temas, a origem e a natureza de sua própria arte. As Baccantes
lidera com as diferentes relações do teatro a vários aspectos da sociedade, incluindo
sua relação com a arte em si. Primeiro Eurípedes afirma a centralidade do teatro ao
ritual dionisíaco. Os ritos mostrados na peca foram repletos de dançarinos mascarados,
performances de coral e procissões dos cidadãos nos trajes. Dionísio, o deus da máscara,
oferece seus adoradores a liberdade de ser alguém que não e eles mesmos, e ao fazê-lo,
a chance de alcançar um êxtase religioso através do teatro em si. Segundo, Eurípedes
comenta sobre a relação do “eu” individual para o teatro como espetáculo e performance.
No início da peça, Penteu é um espectador externo e vouyer, contemplando os ritos
Baccos com um olhar removido, desaprovando. Mas, quando oferecida a oportunidade
de Dionísio, ele move-se das margens para o centro do palco para o drama central. Mas
Penteu não pode navegar os perigos da mudança, e perde o controle, perdendo-se ao
papel que ele deseja interpretar. Ele se castra, perde sua identidade original como o líder
racional, e expõe-se ao drama e suas conseqüências, no caso dele, a morte. Terceiro
Eurípedes quer comentar sobre a peca como uma forma de arte. Ele magistralmente tanto
chama a atenção do público para o artifício da peca, para as convenções e as técnicas,
enquanto ao mesmo tempo afirmando o poder sedutor desse mesmo artifício, tanto sobre
os personagens da peça e sobre o próprio publico
Tradicionalmente, a primeira música ou o endereço direto no teatro grego estabelece o
fundo ea história do jogo, apura-se qualquer confusão potencial e, em seguida, lança na
história. Um prólogo também prevê o resultado geral e estrutura do jogo, mas esconde
algumas torções e detalhes importantes. O prólogo de As Bacantes narra material que
teria sido muito familiar para o público da época: o nascimento do culto, e a história do
culto dionisíaco. Eurípides, no entanto, é conhecida por suas inovações e
aperfeiçoamentos da clássica tradição literária, e ele demonstra seu talento através de seu
uso astuto do prólogo e sua reformulação do mito dionisíaco. Em vez de usar o prólogo
apenas esboçar o moral principal da história, ou para estabelecer a preeminência dos
deuses acima, ditando ação humana, Eurípides usa o prólogo para estabelecer Dionísio
como um agente direto humano. Dionísio, em vez de ser apenas um deus, misteriosa e
transcendente, aqui também aparece em forma mortal como um personagem dentro do
drama. Eurípides decisão de ter Dionísio aparecer como um mortal não é meramente um
dispositivo teatral, mas é também um comentário sobre a natureza deste deus complexo e
o que ele representa. Eurípedes está sinalizando o papel central, que disfarce e
reconhecimento brincam dentro da peça, e é também apontando para a importância de
epifanias, máscaras e máscaras, e formas de mudança nos cultos e mitos de Dionísio.
Como um deus nascido de uma mãe mortal, Dioniso vem tanto das alturas do Olímpio e
do mundo humano; Eurípides destaca esta mostrando-lhe tanto fora como dentro do jogo.
É apropriado para Dionísio a andar, falar e interagir com os mortais, porque as emoções
muito comum e íntima trouxe em seus adoradores pelo seu poder. Assim, no prólogo
Eurípedes introduz a chave para a natureza de Dionísio: ambigüidade. O deus não só
incorpora as diferenças (crença e da loucura, de celebração e destruição), mas em suas
ações demonstra uma fluidez semelhante. Sua punição de Penteu, por exemplo, o que
prova excessiva, horrível e terrível, é trazida em uma maneira extremamente sutil,
indireta e gradual. Finalmente, o prólogo coloca o público em uma posição privilegiada,
deixando-a em segredo de Dionísio. Nenhum dos outros personagens no jogo sabe quem
é o estranho de Lydia realmente é, e essa ironia dramática aumenta o senso de tragédia
inevitável em um jogo já poderoso.
No tempo de Eurípides, o uso extensivo do coro tornou-se obsoleto, mas Eurípides deu
a vida de novo a essa ferramenta fusando-lhe com elementos da peca em si. O coro é
tradicionalmente um corpo de canto que dança removido das ações centrais da peca.
Eurípides equiparado estas características com as características das Bacantes, um
culto de nômades que adoravam Dionísio através da música e dança. O coro tornou-
se as Bacantes, e vice-versa. Eurípides permite o coro cumprir a sua função clássica,
mas também lhe dá um significado mais profundo na narrativa. Por um lado, o coro
comenta sobre as ações do jogo, fornece uma voz moral e as ligações dos segmentos
da peca temporalmente. Em As Bacantes, também é dado o papel de descrever os ritos
dionisíacos “de dentro”, expressando reações comuns, e, mais importante, aumentando o
drama, a histeria e a paixão da peca através da dança e música.
Curiosidade
Desde o fim da antiguidade até o fim do séc. XIX, os temas das Bacantes eram
considerados repugnantes para serem estudados e apreciados. O filósofo Friedrich
Nietzsche, com sua obra O Nascimento da Tragédia, que trouxe de volta a questão de
Dionísio com o teatro e despertou o interesse nas Bacantes. Durante o séc. XX, a peça
torna-se bem popular, especialmente na forma de opera, devido aos coros dramáticos
encontrados por toda a trama. Análises mais técnicas ressaltam como Eurípedes consegue
dominar igualmente as belezas poéticas e dramáticas de sua obra e o tratamento de temas
mais complexos.
O Nascimento da Tragédia, no computo geral da produção de figuras filosóficas
nietzscheanas, representa um momento decisivo da filosofia de Nietzsche: o
aparecimento de Dionísio. Como se viria a tornar comum na sua filosofia, Dionísio surge
numa contradição de movimentos e velocidades típicos de uma luta, neste caso, face a
Esta contextualização ajuda-nos a projectar a totalidade do significado estético e
metafísico desta obra, expresso nos génios Apolíneo e Dionisíaco, a partir dum pano de
fundo marcado pelo romantismo filosófico.
Apolíneo x Dionisíaco
Na apresentação do apolíneo encontramos a racionalidade e a ilusão num jogo perigoso
orientado para os valores da Verdade, do Belo e do Justo. Por seu lado, o dionisíaco
não é simplesmente uma oposição posterior a essas tendências civilizacionais. Pelo
contrário, o dionisíaco é o outro impulso fundamental que rege o devir em que sempre
está em jogo o limite dos indivíduos. O dionisíaco é o instinto de força e de luta, de
desequilíbrio. O desequilíbrio resulta das próprias regras do jogo em que os indivíduos
estão sempre envolvidos. A vida implica um confronto entre limites individuais. Este
confronto é primitivo, não está regulado por qualquer vontade boa ou justa, racional ou
misericordiosa.
No homem dionisíaco está viva a consciência do apolíneo como convencional, como uma
ilusão da perspectiva do indivíduo. Para o homem dionisíaco, as criações apolíneas não
passam de acontecimentos de superfície.
O artista apolíneo almeja a bela aparência, a boa ilusão que se encobre de o ser.
Representa figuras bem delimitadas na sua individualidade, puras na sua beleza,
caracterizadas pelo equilíbrio e pela harmonia. O artista apolíneo representa todos os
valores tradicionalmente reconhecidos aos gregos. O criador dionisíaco exacerba a
dissolução do indivíduo, a desmesura, o exagero.
São dois impulsos opostos, contraditórios. Contudo, são complementares da criação
estética e universal. O dionisíaco deve poder manifestar-se apolineamente. A tragédia,
bem como um certo tipo de música, são para Nietzsche a possibilidade realizada de
apresentar e desenvolver a representação e exibição (apolíneo) do dionisíaco.
As Bacantes Hoje
Podemos observar no Carnaval muitos elementos que nos permitem fazer uma ligação ao
culto a Dionísio e, por conseguinte As Bacantes. Esta celebração eufórica, as fantasias, o
homem que se veste de mulher, todos esses elementos tem forte influência de Dionísio.
É importante analisar que quando Dionísio nos mostra que devemos deixar de lado nossa
seriedade e abraçar por uns instantes a nossa irracionalidade consiste em um ato de total
importância para o ser humano, acima de tudo o que Dionísio nos quer dizer é para
termos esse gosto pela loucura, que de fato existe em nós.
Finalizando citamos um trecho da música de Vinícius de Moraes A Felicidade:
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
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